O seminário, Edificar Com Atitudes Sustentáveis (17/09/2008), realizado no IEP (Instituto de Engenharia do Paraná – www.iep.org.br) não trouxe novidades. Na abertura os integrantes da mesa contextualizaram o momento atual chamando atenção para alguns aspectos envolvendo a sustentabilidade e a construção de obras.
Os temas destacados incluíram algumas estatísticas, como a construção civil demanda 40% dos recursos naturais e da energia mundial; Pensar no amanhã e agir hoje; o grande volume de resíduos gerado nas obras e que os edifícios devem ser sustentáveis.
Dois aspectos interessantes foram: o arranjo que as empreiteiras estão fazendo no canteiro de obras da REPAR (Refinaria do Paraná) em virtude da sua reforma e ampliação, estão prezando a acessibilidade (uma coisa impensável a pouco tempo atrás) e como o uso da madeira na arquitetura de interiores pode ajudar no seqüestro de carbono. Também não faltou menção aos selos verdes para construções.
A doutoranda Stella Maris Bezerra (sbezerra@utfpr.edu.br) da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) explanou sobre o tema, consumo de água na construção trazendo uma nova percepção sobre o assunto. Em um convênio estabelecido entre a UTFPR e a University of Guelph do Canadá, pesquisadores de ambas instituições desenvolvem pesquisas na mesma área como parte de programa maior patrocinado por uma grande mineradora (www.kinross.com).
É um tema extenso, Stella Maris disse que precisamos saber quantificar exatamente a demanda de água por parte da indústria da construção civil. Ela começou por estudar o consumo das concreteiras e o reuso dos efluentes da lavagem dos balões dos caminhões betoneiras, apesar de existirem normas a respeito, e está analisando a água dos tanques de decantação.
Outra parte desta pesquisa é investigar a viabilidade técnica do reuso da água de chuva e avaliar os sistemas de armazenamento desta águas quanto à contaminação. Em Curitiba existe o programa PURAE para a implantação desta prática. Foram feitos estudos de caso em três condomínios horizontais. No edifício "A" as águas são captadas do telhado e usadas para rega de jardim, lavagem de carros e descarga de vaso sanitário. No edifício "B" a água também é captada do telhado e usada para rega de jardim e lavagem de pisos. Nestes edifícios existe um controle no acesso desta água através da retirada do registro da torneira do jardim por onde a água da cisterna é retirada. No edifício "C" a água é captada do piso e não existe controle de acesso. O risco é a contaminação por coliformes fecais de pássaros e no terceiro edifício a contaminação pode ser também por fezes de cachorros. Em todos os casos o problema para as pessoas é o contado com a água pelo manuseio, podendo assim, serem contaminadas. Para isso deve-se fazer o tratamento cuidadoso com o uso de filtro, membranas e luz ultravioleta pelo menos para a água utilizada no vaso sanitário.
Os resultados esperados nesta pesquisa inicial é aumentar a eficiência do tratamento da água, o dimensionamento dos reservatórios, desenvolverem técnicas de gerenciamento, reduzir o consumo, estimular o uso responsável da água da chuva e a proposição de indicadores de qualidade.
O francês Jean-Claude Laisné (Engenheiro, Arquiteto e Urbanista. Especialista junto ao Ministério da Habitação Francês no Programa de Alta Qualidade Ambiental) busca soluções sustentáveis para as edificações. Ele aborda o tema através da eliminação do desperdício de energia nos edifícios. Ele faz uma série de cálculos para verificar o consumo de energia para cada cômodo da residência e através de parâmetros prévios se faz correções deste quando necessário.
Para ajudar no emprego de energia adota-se uma janela que aquece o ar no seu interior, em uma espécie de sanduíche de vidro, pela ação do sol. Depois este ar aquecido é injetado para dentro do ambiente através de aberturas na parte superior da janela.
O governo francês promove restauro em obras antigas dotando-as de tecnologias para a redução do consumo de energia. E também, em muitos casos prédios inteiros são demolidos e construídos novos em seus lugares para as mesmas pessoas, muito mais eficientes energeticamente. Há experiências de construções utilizando técnicas construtivas do século XIX para redução de energia na execução de edificações com bons resultados.
Para ele conforto são transparência e luz, com isso, ele trabalha projetos com ambientes de usos exclusivos para o dia e para a noite.
Em termos de intervenção urbana, o desafio é facilitar o uso da luz por todas as edificações da malha urbana sem excesso de barulho. A obra do arquiteto Mies van der Rohe seria o paradigma a ser perseguido.
O Doutor Márcio Rosa D’Ávila (marciodavila@hotmail.com) palestrou sobre o tema da arquitetura em terra. Ele faz experiências e protótipos de casas em terra crua usando várias técnicas. O adobe, pau-a-pique, terra compactada em sacos de propileno são exemplos. Está em andamento a execução de um centro de pesquisas utilizando estas técnicas, para difundi-las no meio rural como alternativa às construções tradicionais. Ainda há dificuldades para obter financiamento para a sua execução, por isso a caixa econômica observa esta iniciativa para poder assimilar a técnica e criar linhas financiamento.
Uma vantagem desta arquitetura de terra seria a inércia térmica. Casas executadas com este material comportam-se muito bem mantendo o interior sem grandes variações quando a amplitude térmica exterior é grande.
A Alemanha é um País com muitas construções em terra. Possui uma normatização extensa e muitas lojas comercializando materiais que utilizam a terra crua como matéria prima. Existem condições de se comprar materiais de construção de baixo impacto para se construir casas completas.
Por hora é isso amigos, ainda voltarei a alguns temas descritos aqui, trazendo mais informações.
Até o próximo post.
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
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